Estudar no Exterior deixou de ser um luxo. Nem está mais restrito a famílias abastadas. A busca por qualificação é real, necessária, e o desejo de aventura está no jovem. Nos últimos anos, a participação de estudantes de classe média em intercâmbios cresceu 15%, e a oferta de programas diversificou-se ainda mais para quem pode pagar pacotes sofisticados. Agora, com o dinheiro desvalorizando a cada dia, a pergunta é: como manter os planos de viagem?
Para quem já programou o intercâmbio e pretende embarcar em breve, o que preocupa não é a cotação do dólar, mas a incerteza de quanto o real poderá ser desvalorizado até a data da viagem. Por isso, mesmo sem poder prever o futuro, os viajantes já começam a refazer planos para não ter de abandonar o sonho.
– Já sei que vou ter de usar o metrô em Nova York. Não vou a shows da Broadway, nem a restaurantes para o jantar. Mas a viagem faz parte do meu projeto de vida profissional, que é o pós-graduação nos Estados Unidos na área financeira, e não vou desistir – diz Laura Queiroz, 26 anos.
Na semana passada, a jornalista formada em 2007, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), acertava os detalhes da viagem na agência para embarcar no próximo verão. Na mala, vai levar uma lista de novas estratégias para manter o orçamento.
Como nas crises econômicas de 1999 e 2002, o turismo jovem estudantil deve ser o menos afetado. Esse público é o menos flexível quando o assunto é viajar. Quem tem entre 14 anos e 16 anos, por exemplo, não pode adiar o intercâmbio, sob pena de perder o tempo de high school.
– Os adolescentes têm um alto índice de frustração. As famílias não querem quebrar a tradição de proporcionar a experiência no Exterior. Além disso, o intercâmbio é um prazer pessoal, uma qualificação que o jovem não abre mão quando está no seu momento de partir. As pessoas conseguem se organizar, mesmo que tenham de alterar um pouco os planos
Readequar o orçamento exige atenção a qualidade
Na busca da adequação pelo programa mais acessível ao orçamento, a psicóloga intercultural Andrea Sebben alerta para a qualidade. Ela mesma diz que já foi “ vítima” de opções mais baratas.
– Tratando-se de experiência de vida, que é o caso do intercâmbio, todos querem o melhor. E o binômio preço baixo e alta qualidade é bem difícil de encontrar. O jovem quer tudo para ontem, mas, às vezes, um adiamento, que eu chamaria de planejamento maior, pode fazer a diferença. É preciso ter cuidado – diz Andrea, membro da International Association for Cross-Cultural Psychology, entidade de psicólogos dedicados ao atendimento de pessoas que por algum motivo se mudam de país e precisam se adaptar à nova vida.
Nas agências da Capital, onde a circulação de viajantes foi intensa nos últimos anos, o movimento está mais restrito a quem já está com o pé no aeroporto ou com embarque para os programas de verão. Financiamentos de longo prazo não estão motivando o público que levou as operadoras a criarem planos para facilitar as viagens. Mas os balcões não ficam vazios.
Nova Zelândia e Austrália são os destinos mais sugeridos agora. Os índices cambiais da Oceania foram os que tiveram menores altas até agora. São as alternativas que não pesam tanto no bolso nesse momento.
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